O desafio de hoje não foi divulgado como “corrida”. Foi treino. Mas como foi bem mais interessante do que muitas das que já fui,
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Arte gentilmente produzida pelo Paulo Bandeira. |
Neste ano não tivemos a Meia Maratona de Fortaleza (MMF). Ano passado os relatos foram os melhores possíveis, mas este ano, babau. Uma pena, pois dei uma diminuída na participação em corridas justamente para focar nesse tipo de prova: Meia Maratona.
Até agora eu tinha participado de duas corridas no ano; uma de 5km em Sobral e o Desafio das Pontes (24km). E esta prova ligando as Pontes, me semi-traumatizou. Então, nada como uma nova corrida para apagar a nhaca da anterior.
Justamente pelo fato de não acontecer a MMF em 2017, o Jéfferson Malveira anunciou no grupo Correfor, no Facebook, que estaria organizando um treino: “1ª Desafio 21k – A Pernada de Fortaleza”, para 23 de abril. Imediatamente cuidei de comentar a postagem e solicitei reserva da vaga. Minha e do Válber. Os dias passaram e eu meio que esqueci… Na verdade, não estava nos planos ir a Fortaleza nesta data.
Faltando uma semana, a Ju marca uns compromissos na Capital Alencarina e, então, fui atrás de saber se ainda teria como participar da “Pernada”. Prontamente o Jéfferson respondeu que não tinha mais vagas. Mas depois viu que meu nome tava na lista dos que ainda não tinham efetuado pagamento. Ufa! Fiz uma transferência rapidinho e pronto. Bora correr esses 21k!
Ao custo de 30 reais, fora prometido: medalha, hidratação a cada 3km (salvo engano, falaram em garrafa de 500ml), rapadura, paçoquinha, Gatorade aos 9k e ao final e frutas e cerveja na chegada. Bom né? Nada de kit. Bastava chegar meia hora antes para pegar a pulserinha e ter direito a tudo isso ai.
Sendo bem prático: nessa lista tem o mais importante para quem quer correr, que é o suporte; principalmente de hidratação. Camisa de corrida eu já tenho uma ruma.
Durante a semana, pensei que o treino pudesse ser cancelado pois Fortaleza estava sofrendo com ataques à ônibus. O pessoal “tacou fogo” em mais de 20 ônibus em 3 dias. Entrei em contato com o Jéfferson mas ele garantiu a realização da “Pernada”.
Para tirar o ranço do meu desempenho do Desafio das Pontes, era preciso ter uma semana com mais cuidados. Tomei água foi sem pena. Procurei evitar aquelas coisinhas que atrapalham durante a corrida (açúcar, excesso de pão branco, etc); mas nem sempre funciona, né? O pão de côco da Semana Santa ficou mais barato na segunda…
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Ai já tem menino no meio da canela (além dos que não foram) e ainda tem mais 4 a caminho! |
No sábado a noite, encontramos nossos amigos de Fortaleza para rezar e comer um bolinho, como preparativos para a chegada da Marcele, nossa filhotinha que está à caminho :). O bendito bolinho estava tão gostoso que tive que comer uma tora do bicho… Cobertura de limão, recheio de doce de leite… Hummmmm.
Combinei com o Válber de sairmos às 5h. A largada estava marcada para as 6h. A Pernada estava limitada a 100 corredores, então vaga para estacionar seria mais fácil e não precisávamos sair tão cedo.
Levantei (da cama) as 4h20 e depois (do trono) às 4h50. Estou com estômago de ‘mocinha’, como se podia dizer sem ferir toda uma classe até uns anos atrás. Em 10 minutos comi uma bananinha com castanhas, me vesti e saí. O Válber mora em frente, então partimos logo em seguida.
Ao chegarmos à praia de Iracema, tome água. Ficamos no carro uns 10 minutos até que a chuva desse uma trégua e fomos para o ponto de largada, em frente ao Boteco. O Jéfferson estava dando as instruções/orientações e chegamos na hora em que ele falava que não ia ter medalha pois o fornecedor cobrou caro. Não liguei muito. Afinal, estava mais preocupado em espantar a zica da “perte” do Desafio das Pontes!
Fila rápida para pegar a pulserinha e chega um gringo “melado” (bêbado em cearês). “Can I Help you?”, “Oh, Jesus, so many water!”. E eu na dúvida… Aproveito para treinar meu inglês ou mando ele se lascar? Só sai de perto.
As 6h02, o Jéfferson começa no gogó a contagem regressiva e partimos em direção ao Mercado dos Peixes. Dessa vez o Válber se conteve e foi comigo. Um pacezinho legal e confortável . Tudo sossegado, Beira-Mar bem movimentada…
Ao chegarmos no Mercado dos Peixes, primeiro ponto de hidratação. Água bem geladinha, em copinho. Exatos 3km. E meu querido pé esquerdo resolve ficar dormente. Parei, coloquei o pé apontando para baixo e o sangue voltou a circular na região. Melhorou. Seguimos até o “Moinho” e lá fechamos 5km. Até então algumas dores na parte posterior de ambas as coxas me incomodaram um pouco.
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Um pouco depois do quilômetro seis. Dá pra sentir meu pé esquerdo? Foto: Antônio Marcos (Art2 Comunicação). |
Comecei a correr de ponta de pé. A dormência passava, mas a panturrilha reclamava. E depois do que aconteceu no Desafio das Pontes, era melhor não insistir nessa técnica são-paulina de correr. Ao chegarmos no ponto de largada (que era o quilômetro 10), um copinho de isotônico de uva, mais um de água, dois pedaços de rapadura e mais um copinho de isotônico de amarelo. Em seguida tirei o tênis, ajeitei a meia e afrouxei (mais ainda) o cadarço. E a dormência não mais voltou. As dores nas coxas também diminuíram quase que totalmente.
(No vídeo acima, lá pelos 2:20, o momento da chegada ao posto de hidratação, por volta do quilômetro 10)
Daí para frente, a dúvida: qual o percurso agora? Não tinha equipe de apoio a não ser nos pontos de hidratação. Eu tinha visto o mapa no dia anterior e lembrava vagamente do percurso. Sabia que tinha que ir rumo ao IML. No caminho, os outros corredores iam ajudando.
Indo pela Pessoa Anta, passamos ao lado do Centro Cultural Dragão do Mar e mais a frente um ponto de hidratação: água, rapadura e paçoquinha! Passamos pelo Marina Park e o ponto de retorno era nos Bombeiros. Antes da Subida da Morte, que fica em frente ao IML. Ufa!
Mas, e na volta? No mapa, a rota era voltar pela Pessoa Anta e entrar à direita no Dragão do Mar, mas muita gente passou reto. Válber e eu decidimos seguir a rota e não as pessoas. No ponto de hidratação, encontramos a Socorro Aranha que estava ciente do real percurso. Então, fomos nós três enfrentar a Subida do Dragão. Como acompanho a vida de corredora da Socorro pelo Facebook, foi muito legal correr com ela dai pra frente.
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Nem parece, mas em 300 metros, a variação de altimetria nesse trecho é de 13 metros. Já na subida do IML, a variação de altimetria é de 7 metros em 600 metros. |
Logo depois do posto de gasolina, próximo ao Seminário da Prainha, entramos à direita e chegamos até a Catedral Metropolitana. Lá, mais dois corredores nos alcançaram e fomos juntos, em cinco, tentando decidir um percurso. Não tinha mais gente correndo nesse trecho, que mais parecia a Índia (pelo menos aquela que vemos na TV) ou aquele comércio em Tatooine (onde “acharam” o Anakin).
Lembro que deveríamos ir até à Praça do Ferreira mas, fui voto vencido. “Já era!”. Não que eu quisesse muito ir. Mas se a maioria tivesse dito “bora” eu tinha ido, claro. Fomos, então, pela Castro e Silva e entramos à direita na Senador Pompeu, chegando à parte de trás da Santa Casa. “Bora de novo até os bombeiros?”, alguém perguntou. “Vou nada, mah”, respondi. Agora pronto. Se tem uma coisa que maltrata a minha mente quando estou correndo é passar pelo mesmo lugar de novo… E tome água nessa hora!
Retornamos pela rua logo abaixo do viaduto até chegar ao Mercado Central, quando novamente entramos na Pessoa Anta, para aproveitar o mesmo posto de Hidratação. Água, paçoquinha e garapa de rapadura.
Dali era só “levar as crianças para casa”. Tudo tranquilo e sossegado.
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Percurso de hoje. |

Com relação ao evento: excelente. Experiência ótima para quem gosta de correr. Hidratação na medida certa, suplementação à moda cearense e no final tudo o que foi prometido em termos de alimentos e bebidas. Teve até um “plus” que foi uma cajuína São Geraldo. Só faltou o recheado de chocolate! Sugiro, apenas, rever a questão da orientação do percurso. Talvez uns ciclistas pudessem ajudar nisso… Talvez, até, reforçar no pré-evento um olhar mais atento dos corredores ao mapa.
Vale registrar que o clima, apesar de abafado, ajudou muuuuuito!
Espero que esses eventos aconteçam mais vezes e que eu possa participar. É tudo mais legal. O clima entre os corredores é outro, é mais fácil de estacionar, não é preciso sair mais cedo de casa e nem ir no dia anterior pegar kit em algum shopping, gerando prejuízos para quem não se aguenta ao ver um tênis ou um acessório.
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Boa parte da turma que encarou a Pernada. Foto: Antônio Marcos (Art2 Comunicação). |
A seguir algumas fotos com os corredores que vamos conhecendo e admirando via Facebook.
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Válber (esq.), Socorro Aranha e eu. Essa é fera. Sempre tem chegado entre as primeiras nas provas que participa. |
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Seu Onofre, que no Desafio das Pontes eu chamei de “Seu Jorge”. Um exemplo: faz 69 anos na próxima sexta! Quando eu crescer eu quero ser assim! |
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Esse é o Jéfferson Malveira, organizador da Pernada. Roberto Cláudio Cover. |
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