A história dessa corrida leva uma semana...
No final de semana anterior, JC e Ju tiveram seus momentos esportivos e eu acabei não fazendo o treino 'longão'. Pra acabar de completar, tive um problema de enxaqueca que me impediu de treinar até segunda pela manhã. O fiz apenas na segunda a noite.
Na quarta fui para a academia. Fortalecimento muscular. Procurei o professor Chaguinha e falei que estava começando a sentir dor no joelho quando as distâncias eram superiores a 12km. Pedi umas séries mais específicas pra perna, já que quarta era relativamente longe do domingo seguinte. Rapaz...
Eu já frequento academia há anos, mas sempre esqueço que as dores só aparecem no dia seguinte. Acabei sendo irresponsável, exagerando na carga e na repetição, especialmente nas séries para panturrilha. As batatas viraram purê!
Na quinta pela manhã estavam travadas!
Mesmo assim fiz 6km a tardinha, um trote bem leve. Só para oxigenar a musculatura. Melhorou um pouco. Mas na sexta, ainda estava cruelmente dolorido.
O Prof. Chaguinha até entrou em contato para saber como estava e me deu outras dicas para uma recuperação até domingo, dia de prova.
Paralelamente a isso, achei que o kit da prova seria entregue também na sexta. Fui conferir no regulamento e só seria no sábado, entre 8h e 18h na loja Blosson Ville. Tudo bem, pois no sábado teria que sair de casa para comprar umas coisinhas para abastecer a geladeira. No entanto, cheguei às 9h10min no local pré-determinado e nada de entrega de kits. Esperei mais um pouco e por volta das 9h40min chegaram duas mulheres com umas duas ou três sacolas: eram as camisas e os envelopes com número de peito. Chip? Não.
Ainda perguntei sobre a cronometragem e as mulheres disseram que haveria. Eu já tinha lido em algum lugar que em provas pequenas, existe uma maneira de fazer a cronometragem praticamente no olho, marcando o tempo na chegada de cada corredor. Como uma das mulheres falou para outro participante que foram apenas cerca de 120 inscrições, aceitei que talvez essa fosse a forma de cronometragem. Lembrei também que fora divulgada uma premiação em dinheiro para os três primeiros lugares por categoria. Então, tinha que ter cronometragem.
Fiquei lembrando de uma prova que aconteceu em Sobral no começo do ano. A I Corrida Blosson Ville. Também nos mesmos moldes, com caminhada, 5km e 10km. Kit bem mais organizado e inscrições a 25 reais. Essa custou 45 reais. Só para registrar.
Na saída encontrei o Cícero Hélio, aluno do curso de Matemática e corredor mais experiente. Ele também ficou "meio assim", como se diz aqui no Ceará. Apertou minha mão e disparou:
- Será que vai ter água?
- Rapaz, não é possível que não tenha... Será!?
Antes de passar no mercantil, passei na farmácia e comprei um protetor de batatas, digo, panturrilhas. É um troço que comprime o músculo e não deixa ele trabalhar tanto, imagino. Passei o resto do dia alternando entre seu uso e tratamento com gelo. A noite, esperei que a Ju entrasse no banheiro e assaltei de sua bolsa um comprimido; o mesmo que ela havia me dado uma semana antes e tinha mandado a enxaqueca pro espaço. O detalhe é que eu estava com as costas travadas no mesmo dia da enxaqueca e notei que aconteceu o destravamento juntamente com o sumiço da dor de cabeça e das náuseas. Foi um ato de desespero frente a possibilidade de não conseguir correr no dia seguinte.
Uns quinze minutos depois senti até os dentes meio moles. Relaxei. Ainda tive forças para aumentar o volume do despertador e depois não lembro de quase nada.
As 4:40 estava de pé para preparar o café da manhã da família. Sim, é o preço de corrida em casa. Para que todos possam ir de sorriso aberto, tenho que começar o dia bajulando. Tem dado certo.
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Fotógrafo JC em ação, novamente. |
Na divulgação, o horário da largada era 6h30min. Chegamos ao Arco de Nossa Senhora às seis. Bem deserto. Alguns poucos corredores e nada de pórtico, de organização ou coisa do tipo. A concentração maior era de um grupo de ciclistas que havia marcado treino.
Depois vimos uma concentração um pouco maior ao final da Boulevard do Arco. Fomos até lá. Uma caixa de som com algumas músicas tocando e chegando mais corredores. Nada de organizadores.
Mesmo assim comecei o primeiro aquecimento do dia. Na verdade, queria ver como estava a dor na panturrilha. Dava pra aguentar. Rodei por uns dez minutos, parei e encontrei os conhecidos; Cícero - o Hélio, Celso - o Trindade -, Élder - o Escóssio -, Hélder - o Almeida - e Felipe - o Pereira.
Com o Cícero foi praticamente um particular: ele me deu uma força com relação ao meu tempo.
- Cara, dá pra você terminar isso em menos de uma hora. Você já corre há bastante tempo!
- É verdade Cícero, mas hoje vai ser difícil - falei mostrando a panturrilha protegida.
- Mesmo assim, cara. Quando passar do quilômetro sete, dá o gás!
- Valeu, vou ver o que dá pra fazer.
Fui para o segundo aquecimento do dia. Panturrilha suportando bem.
Sete horas. Chega uma das mulheres do dia anterior e começa uma entrega de kits. Passa um outro participante e diz: "ontem falaram que a largada seria às 7h30min". Meu Deus! Estamos em Sobral, uma cidade que, reza lenda, fica em Mercúrio e não na Terra. Mas, por sorte, muitas nuvens. O Celso até brincou: "calma pessoal, estão esperando só uma pessoa chegar ai... O Sol!"
Às 7h40min, alguém recruta os corredores para o Arco. Fui para o terceiro aquecimento. Imaginamos que a largada seria em baixo do portal de Nossa Senhora. Faltando dez minutos para as oito, chega o organizador geral do evento:
- Pessoal, vamos ali para o final da Boulevard pois o sistema de som está lá e algumas recomendações são necessárias.
Aquele "uhhhhh" misturado com "ahhhh bom, menino!" e lá fomos nós.
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Foi um vai e volta nesse calçadão! |
Finalmente, depois de explicado o percurso, começa a prova. Oito horas. Muita sorte o sol ter ido para o Carnabral e ainda estar de ressaca.
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Nada de pórtico de largada. Tudo na raça! |
Percorremos - de novo - a Boulevard do Arco e entramos à direita na Fernandes Távora. Ponte sobre o Rio Acaraú e toda a extensão da Avenida, até o retorno, já na saída para Fortaleza. A marcação e sinalização da distância estava perfeita. Hidratação a cada 2,5km, mais ou menos. Mas não havia monitores - ou staff - nos cruzamentos e ruas secundárias. Hoje contamos apenas com a boa vontade dos condutores de Sobral, que incrivelmente acordaram de muito bom humor.
A panturrilha ia surpreendentemente aguentando bem. De acordo com a moça do GPS, meus tempos estavam bem abaixo do que eu costumava fazer em provas. Até o quinto quilômetro, pace abaixo de 6:15. Isso daria uma previsão de tempo final em torno dos 1h02min30seg. Previsão, previsão...
Voltamos pela mesma avenida e em vez de retornar à Boulevard, passamos reto. Rotatória do Arco, Colégio Luciano Feijão, Posto São Domingos, Parque da Cidade e estrada que liga Sobral à Massapê.
Ai, já no quilômetro oito, a perna esquerda pesou. Pensei em caminhar um pouco mas o receio de piorar a situação, me fez mudar de ideia. Diminui um pouco o ritmo e com pace já próximo de 7min/km entrei à esquerda, na rua da Vila Olímpica.
Depois os corredores adentraram o complexo esportivo. Guardadas as devidas proporções, era como terminar a Maratona da Olimpíada, já no estádio Olímpico. O final da prova foi uma volta na novíssima pista de atletismo.
Devido ao piso, e por ser plano, consegui dar um gás a mais, como pediu o Cícero. Mas não deu pra fazer muita coisa. Tempo final: 1h04min49seg para um percurso de 10,1km. Isso representa um pace médio de 6:23. Melhorei, até. Levando em conta as condições físicas, foi excelente. Para quem precisou apelar para medicamento na noite anterior, estava muito além das expectativas. E ainda esqueci de comer minha rapadura depois do quilômetro cinco. É a segunda vez que isso acontece! Será que tem um jeito de ensinar a moça do GPS a dizer: "Distância: 5km. Coma sua rapadura!"?
Na chegada, medalha entregue logo após a linha de chegada. Frutas, águas e docinhos para os concluintes. Ah, também veio uma pessoa até mim conferir o número de peito. Acho que era para efeito de cronometragem.
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Essa águazinha gelada ai não foi por conta da organização. Medalha simples, mas bonita. |
Quando adentraram os últimos concluintes, pediram pelo sistema de som para que os que já tinham terminado a prova, pudessem dar uma volta na pista junto com os que chegavam. Uma força a mais para os que levam mais tempo para concluir a prova. Bem legal.
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Como o JC não estava no momento da minha chegada, chamei ele para dar uma volta na pista novinha. Aprovada. |
No final das contas, como corrida, foi uma boa prova. Percebi que tinha muita gente (proporcionalmente falando) de fora de Sobral. Provavelmente pela premiação. O regulamento prometia R$ 1.200,00 para o primeiro lugar geral (feminino e também masculino).
No entanto, o regulamento também prometia outras coisas: retirada do kit entre 8h e 18h, que na verdade começou quase 10h e só iria até 13h na loja, uma vez que era sábado. Quem chegasse depois, teria que ir até um endereço que, ouvi dizer, ficaria fixado na porta da loja. Pelo jeito não funcionou, pois muita gente recebeu o kit na manhã da prova - coisa que o regulamento prometia que não aconteceria.
Também havia promessa de chip, de guarda-volumes, fiscais a cada quilômetro e quatro banheiros químicos. De tudo isso, apenas dois banheiros químicos. Aliás, duas caixas de fibra de alguma coisa. Aquilo não era banheiro, gente.
Além disso, o regulamento prometia largada às 7:10 para as meninas e 7:20 para os rapazes. Foi tudo junto e misturado às 8h. Não que seja um problema largar junto. O problema é na divulgação aparecer um horário, no regulamento outro e a largada noutro!
Por outro lado, o percurso foi muito bom. Subidas e descidas na medida certa.
Não quero desmerecer a corrida. Como sempre falo, iniciativas como esta, de organização de corridas sem suporte de grandes marcas, são sempre bem vindas. O importante é colocar a cidade, os bairros, em movimento. No entanto, é preciso um pouco mais de zelo para que todos os participantes gostem e contagiem outras pessoas, para que nos anos seguintes haja mais e mais participação. Vamos torcer para que ano que vem, aconteça melhoria na organização, como um todo.
Agora um pouco de descanso; semana que vem tem a #17 - 5ª Corrida da Asa!
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