Imediatamente após a inscrição na Corrida do SESC em Sobral, eu já havia feito a inscrição na última etapa do Circuito das Estações em Fortaleza, etapa Verão. Como vinha seguindo a planilha me preparando para a prova na Princesa do Norte, resolvi me inscrever também para a prova de 10 km na prova da capital. O intervalo entre as provas seria de menos de um mês. Dia 10 de outubro.
Tal qual das outras duas vezes em Fortaleza, cheguei à capital na quinta. Fui pegar o kit na sexta juntamente com a Ju e o JC, de novo na Centauro do Iguatemi. Era hora de comprar um pisante novo e uma bermuda de compressão, pois com distâncias maiores, assaduras começavam a aparecer onde a costura do calção tocava. O desconto de 10% ajudou. O vendedor me alertou para algo que, mesmo apesar de tantas horas de estudos, eu não havia visto: o ideal é comprar um tênis um número maior, pois durante a corrida o pé incha! Respeitando meu teto orçamentário, comprei um Mizuno Wave Creation 5, número 41. Mas para a corrida do domingo, ainda usaria meu velho Mizuno número 40. Ali entendi o motivo de tanta dor nos dedos e até dormência nos pés depois de meia hora.
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O antigo Mizuno número 40. |
No dia da prova, fomos cedinho em busca de um bom local para estacionar. A largada estava marcada para o Aterro da Praia de Iracema. Para a concentração não tínhamos o mesmo conforto do jardim do Marina Park Hotel ou da Praça São Francisco. Mesmo assim, Ju, JC e minha sogra foram mais uma vez. Yes!
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Ju e eu no nosso momento Must, enquanto JC se recusa a sair na foto, mesmo com sua vovó tentando convencê-lo. |
Mais uma vez Paulinho Leme era o responsável pela locução do evento com seu famoso jargão: "Enquanto uns dormem, outros correm!" e no horário previsto deu-se a largada. Nas provas da O2, os participantes são divididos na largada de acordo com os tempos da prova anterior. Obviamente eu fiquei no pelotão Branco, o último. Se tivesse o pelotão Café com Leite, eu estaria lá.
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Pessoal do pelotão Branco geralmente demora uns três ou quatro minutos até passar pelo portal de largada. |
Apesar de não ser mais novidade, naquele espaço de tempo em torno do momento da largada, ainda senti aquele friozinho na barriga. Mas havia uma explicação: era a etapa final da "Missão 2014" e, apesar de ainda estarmos em outubro, me veio um filme de tudo que já havia me acontecido naquele ano. Principalmente por um fato em especial: passei uns dois anos da minha vida concentrando energia em um determinado projeto e na 'última curva', bum! Evaporação. Dessas coisas que não dão certo mas você não entende o que deu errado. As pessoas que deveriam, não te explicam direito o que de fato você fez de errado - se é que fez. Coisas que os meses passam e fica cada vez mais claro que tudo aconteceria da mesma forma, independente do seu esforço.
Por isso, aquela corrida não poderia dar errado. Eu tinha, como sempre, me preparado para fazer algo. Aquilo, sim, dependia de mim. Quatro provas em 2014. E lá estava eu na quarta.
A situação da prova anterior me fez treinar melhor para esta prova. Não era com o tempo de corrida que eu estava preocupado, mas sim em terminar bem e sem andar.
Estranhamente todos esses sentimentos me deram paz em vez de "faca-entre-os-dentes". Encontrei um ritmo lento, porém confortável, e foi a prova mais tranquila até então.
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Tava tudo "sussa". |
As pedras da Rua dos Tabajaras estavam fofinhas e a subida do IML, um mel. O sol parecia emanar apenas radiação infra-vermelha.
Ao ver a placa de 9 km, e com frequência cardíaca sob controle - baixa, até - o filme começou de novo em minha cabeça. Mas o final daquele longa de cerca de 1h18min que estava acontecendo ali, naquele momento, seria diferente. As coisas já tinham dado certo.
Ao ver a placa de 9 km, e com frequência cardíaca sob controle - baixa, até - o filme começou de novo em minha cabeça. Mas o final daquele longa de cerca de 1h18min que estava acontecendo ali, naquele momento, seria diferente. As coisas já tinham dado certo.
Na curva final, ainda veio o último segundo de dúvida. O pórtico de chegada estouraria como bolha de sabão? Óbvio que não. E lá veio o JC para me puxar pelo braço e concluirmos a prova.
A Ju me esperava do outro lado e nos abraçamos. Sem trocarmos uma palavra, ela sabia exatamente o que eu sentia. Seu ombro me serviu de lenço e por alguns minutos aquela frustração se esvaiu em forma de lágrimas. Ali, eu tinha voltado a alcançar um objetivo. Mesmo se o pórtico tivesse virado poeira diante dos meus olhos, eu teria conseguido cumprir minha meta. Esta foi a conclusão. Ou seja, o projeto que lá em agosto 'deu errado', na verdade 'deu certo'. Aprender é ter êxito, ainda que as coisas não saiam como queiramos.
Missão Cumprida!
Ah, mas ainda é outubro...
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